O dia 02 de abril é marcado como o Dia de Conscientização do Autismo, uma data importante para alertar a população sobre esse transtorno que afeta muitas pessoas ao redor do mundo (cerca de 1% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)). Durante todo o mês de abril são feitas ações para a conscientização do tema.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. O objetivo da data é promover conhecimento sobre o espectro autista, bem como sobre as necessidades e os direitos das pessoas autistas.
Entender melhor esse transtorno é chave para o fim do preconceito e da discriminação que cercam as pessoas com TEA, as quais apresentam apenas uma forma diferente de agir e encarar o mundo.
Mas, afinal, o que é o autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. É importante ressaltar que o autismo não é uma doença, mas sim um transtorno, e que falar em termos de “neurodiversidade” é uma maneira mais inclusiva de se referir a pessoas no espectro.
O termo “autismo” foi citado pela primeira vez na medicina em 1943, pelo psiquiatra americano Leo Kanner. Desde então, houve uma evolução significativa no diagnóstico e tratamento do TEA. Hoje, sabe-se que o autismo tem causas multifatoriais, que podem incluir fatores genéticos e ambientais.
O diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo hoje
Os sinais do autismo geralmente aparecem na primeira infância, e os pais podem perceber algumas características típicas, como:
- Dificuldade de comunicação verbal e não verbal;
- Interesses restritos e comportamentos repetitivos;
- Dificuldade em lidar com mudanças na rotina;
- Sensibilidade sensorial.
Os pais devem ficar atentos aos sinais, e buscar ajuda especializada caso percebam alguma suspeita. Lembrando que nenhum sintoma desses citados acima é por si só o diagnóstico e este deverá ser feito por profissionais qualificados para isso.
O diagnóstico precoce é fundamental para que a criança possa receber os cuidados e tratamentos adequados, que podem melhorar muito a qualidade de vida e o desenvolvimento desses indivíduos.
No ambiente escolar, é importante que a criança com TEA receba um acompanhamento especializado, que pode incluir adaptações na rotina, na forma de ensinar e nos recursos utilizados para facilitar a aprendizagem.
Receber o diagnóstico de autismo de um filho pode ser desafiador e trazer muitas incertezas para os pais. Porém, é importante que eles saibam que existem recursos e apoio disponíveis para ajudá-los nessa jornada. Grupos de apoio e organizações especializadas podem fornecer suporte emocional e informações úteis para os pais.
O número de adultos diagnosticados com autismo tem crescido ao longo dos anos, o que mostra a importância de investir em diagnóstico e tratamento também para essa faixa etária. Ainda existe um grande estigma em relação ao autismo na idade adulta, mas é possível obter um bom resultado em termos de qualidade de vida, através de acompanhamento especializado e de apoio da família e amigos.
Tratamentos para o TEA
Existem diversos tratamentos disponíveis para o autismo, que podem auxiliar e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. O acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, composta por fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e psicólogo, é fundamental para que se possa abordar as diversas áreas do desenvolvimento da pessoa com TEA.
O ideal é que todos os profissionais envolvidos trabalhem em conjunto, de forma Interdisciplinar, pensando nos objetivos em comum e no melhor desenvolvimento do indivíduo.
A Fonoaudiologia, a partir de diferentes abordagens e técnicas, auxilia no desenvolvimento da comunicação e da linguagem, seja por meio da fala, da escrita ou de formas alternativas e aumentativas de comunicação (CAA). A fono também pode auxiliar em processos e desenvolvimento da alimentação.
A Fisioterapia também através de diferentes abordagens atua intervindo no trabalho de força muscular, coordenação motora global considerando a alta incidência de quadro de hipotonia e déficit de controle postural em indivíduos com TEA podendo repercutir em atrasos nas aquisições motoras, alterações posturais e para marcha, e consequentemente interferir na funcionalidade esperada de acordo com a idade. Algumas abordagens que pode ser indicadas em crianças com TEA é o Conceito Neuroevolutivo Bobath e Therasuit, sendo que a indicação será de acordo com a demanda de cada criança.
A Terapia Ocupacional trabalha com as ocupações humanas (atividades de vida diária, atividades instrumentais de vida diária, participação social, lazer, brincar, trabalho, educação, descanso e sono). Caso um indivíduo apresente alguma dificuldade motora, sensorial ou cognitiva que dificulte a realização dessas ocupações, a terapia ocupacional irá intervir, e pode-se utilizar de algumas abordagens. As mais conhecidas dentro do TEA é a Integração Sensorial de Ayres e a Psicomotricidade. Mas o foco principal é com que o sujeito possa desenvolver todas essas atividades do seu dia a dia de forma independente e com autonomia.
A Psicologia em suas diferentes abordagens trabalha no desenvolvimento do comportamento humano, suas emoções, interação com ambiente social, processos cognitivos entre outros. No TEA em específico pode contribuir muito no impacto social, interação com ambiente, auxiliando no processo de flexibilização cognitiva, controle inibitório, além de auxiliar na validação das emoções. Acreditando nos aspectos psicodinâmicos do paciente, levando em consideração sua estrutura psíquica, a psicologia fortalece estrutura egóica do paciente e de sua família para ampliar interesses e reduzir ansiedades, sempre visando desenvolver as potencialidades pensando na individualidade de cada caso, promovendo processo de autonomia.
Inclusão da pessoa com TEA
Por fim, é importante lembrar que os indivíduos com autismo podem ter uma vida plena e produtiva, principalmente quando recebem o acompanhamento e apoio necessário.
A inclusão desses indivíduos na sociedade é um passo importante para que eles possam desenvolver todo o seu potencial. A educação, o trabalho e o convívio social são fundamentais para que possam se sentir integrados e valorizados como membros da sociedade.
Devemos trabalhar para criar um mundo mais inclusivo e respeitoso com as diferenças, valorizando a neurodiversidade e oferecendo oportunidades iguais para todos. Afinal, cada um tem seu lugar na sociedade, e a diversidade é o que nos torna únicos e especiais.
